Mostar, Bósnia & Herzegovina, uma ótima surpresa!

Quando a gente ouve falar em Bósnia, já logo associa o país a guerras, dor e sofrimento…E foi assim mesmo, até meados dos anos 90, quando durante a guerra da antiga Iuguslávia, a cidade foi completamente destruída.

Eu nunca me imaginei um dia pisar na Bósnia, mas eu adoro lugares diferentes e exóticos, lugares pouco divulgados… E quando eu organizei a viagem pra Croácia tinha certeza que queria dar um pulinho na Bósnia, já que era ali do lado e bem no nosso caminho…

Aliás, pra quem sai de Split ou Hvar em sentido a Dubrovnik, que era nosso caso, obrigatoriamente tem que passar pela Bósnia, pela cidade de Neum. Isto porque a Croácia cedeu há alguns anos atrás um pedaço de terra para a Bósnia, para que o país tivesse acesso ao mar.

Mas nós mesmos não passamos por este trecho de Neum e a ainda assim chegamos a Dubrovnik no final do dia (já já você vai saber).

Nosso destino na Bósnia era Mostar, uma cidadezinha bem próxima da divisa com a Croácia, famosa pela Ponte Stari Most, que foi totalmente destruída durante a guerra. E o que me chamou a atenção nesta cidade e me fez querer ir conhecê-la é que, embora no Brasil a gente mal ouve falar de lá, é uma cidade super bonitinha, que já virou um importante (mas não insuportável) polo turístico na região dos Balcãns.

Pra chegar lá não foi fácil… Nossa ideia era ficar um dia inteiro lá, e no final do dia seguir pra Dubrovnik, mas como falei aqui, na saída de Hvar pegamos uma fila descomunal no ferry e depois, uma fila pior ainda pra atravessar a fronteira e entrar na Bósnia.

A fila de carros era monstruosa e, acreditem se quiser, só tem uma guarita checando carro a carro, passaporte por passaporte! Mas a fila toda era porque era altíssima estação (meados de Agosto/14) e também porque talvez nós estivéssemos entrando pela fronteira mais movimentada

 

Na imagem acima, em azul, está o trajeto que fizemos, entrando pela fronteira de Metzóvic, que estava completamente travada. As outras opções, que acredito serem menos movimentadas, seriam os dois caminhos em cinza, com a vantagem de passar por Medugorje, cidade famosa de peregrinação por ter sido o local onde a Virgem Maria apareceu anos atrás.

Bem, depois que atravessamos a fronteira (foram 3 horas só pra atravessar apenas 1 km), chegamos rapidinho em Mostar (cerca de 30 min). As estradas são muito boas e bem sinalizadas. No caminho, uma linda mesquita, nas aproximações de Pocitelj, outra cidade que vale uma paradinha, mas que nós passamos batido por falta de tempo!

Eu estava dirigindo e não tinha GPS, mas todas as placas levam a Stari Most (ou Old Bridge), que é o centrinho da cidade. Paramos num estacionamento pago (5 euros) e lá fomos nós tentarmos conhecer Mostar, mesmo chegando as 16:30 na cidade :(

Foi pisar no centrinho e já me bateu um arrependimento duplo: a cidade era tão fofa, tão bonitinha, o clima era tão gostoso que arrependi tanto de não ter ficado 1 noite por lá quanto de não ter incluído Sarajevo no roteiro…Que ódio de mim! Bem, quem sabe um dia…

O ponto central da cidade é, sem dúvida, a Ponte Velha (Stari Most), que foi completamente destruída nos bombardeios da guerra e que, mesmo antes, já era alvo de atiradores. Algumas lojas  e galerias mostram muitas gravuras da cidade durante a guerra, com imagens fortes e tristes daquela bela ponte em ruínas. O Alê até comprou uma pra trazer de lembrança!

O rio Neretva cruza a cidade e a Stari Most liga as duas margens. O clima ao redor da ponte é delicioso, de ambos os lados, com muitas lojinhas de artesanatos, artes, souvenirs e vários restaurantes charmosinhos…

A população na Bósnia é de maioria muçulmana, mas também composta por sérvios e croatas.

Antes de mais nada, fomos procurar um lugar pra almoçar. Escolhemos o Restaurante Sadrvan, um restaurante delicinha, ao ar livre, debaixo de uma bela árvore, especializado em comida Bósnia. O restaurante é recomendado pelo guia Lonely Planet, inclusive.

Nós pedimos a especialidade da casa (18 euros/2 pessoas), acompanhado de uma cerveja bósnia (1 a 2 euros), que não estava tão gelada, mas valeu mesmo assim. O prato tinha de tudo um pouco e era tudo delicioso e barato! Com a fome que eu estava, esqueci de anotar o nome, mas a foto é esta abaixo. Recomendo muito!

Depois fomos bater perna pelas lojinhas, tirar (mais) fotos, comprar algumas lembrancinhas e bijouterias (que são lindas, por sinal).

Antes de seguirmos viagem, fomos em busca das marcas da guerra: procuramos pelos prédios que até hoje guardam as marcas de balas. Chocante!

Ainda bati o carro na hora de sair do estacionamento, numa pilastra invisível rs  #acontececomosmelhoresmotoristas.

E antes mesmo de começar a anoitecer, por volta das 19:30 pegamos o caminho de volta pra Croácia, pois precisávamos chegar em Dubrovnik ainda naquele dia, já que tínhamos hotel reservado.

Eu estava apavorada de voltar pela mesma fronteira e perguntei pro garçom do restaurante outra alternativa. Ele me sugeriu voltar pelo interior da Bósnia, passando por Stolac, até chegar em Trebinje, uma das últimas cidades da Bósnia, já nas proximidades com Dubrovnik. Usei a internet do restaurante pra dar uma carregada no Waze e Google Maps do Iphone e depois, ele funcionou sozinho, mas acabou que nem precisou. Veja que desta forma, deixamos de atravessar 3 vezes a fronteira (a fronteira de Neum é dupla).

O interior da Bósnia é lindo e igualmente vazio. As estradas não têm movimento algum. De vez em quando, passávamos por algum vilarejo perdido…Era um domingo e era noite, logo não dava pra ver muita coisa da paisagem, só as nuances das montanhas iluminadas pela lua, mas mesmo assim, dava pra imaginar que o lugar realmente deve ser lindo! A estrada era estreita e cheia de curvas, com precipícios de fazer medo. Eu dirigia bem tensa, não dava pra relaxar um só minuto naquela estrada desconhecida.

A fronteira de Trebinje estava completamente vazia: só havíamos nós. E quando os oficiais vêem que somos brasileiros, todas as portas se abrem, é impressionante!

Chegamos em Dubrovnik às 22:30h e eis que surge um outro problema: onde estacionar o carro e chegar no nosso hotel, dentro da cidade velha…Isso eu conto no próximo post!

Outras informações:

Moeda: a moeda na Bósnia é o BAM (marco convertível), mas nós só usamos euro. As kunas croatas também são bem aceitas.

Vistos: brasileiros não precisam de visto para entrar na Bósnia

Capital: Sarajevo, há poucos km adiante de Mostar!

Guia: eu comprei o capítulo avulso sobre a Bósnia no site da Lonely Planet. Custou USD 4,95 e agora está até mais barato. Vale a pena! Você recebe o guia em pdf no seu email.

Mais Mostar e Bósnia nestes excelentes blogs:

– Dri Everywhere, da Dri Miller

– Viajar Pelo Mundo, da Cláudia Liechavicius

– Felipe o Pequeno Viajante, da Cláudia Rodrigues

– Manu do Outro Lado do Mundo, da Manu Isidro